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7 de julho de 1959

 

“O dia que me mudar hei de queimar incenso para agradecer a Deus. Hei de fazer jejum mental, pensar só nas coisas boas que agradam a Deus.”

Abril de 2016

 

Me diz teu nome e tua idade

 

- Meu nome é Lavínia e eu tenho dezoito anos.

 

Certo, Lavínia, há quanto tempo você chegou aqui?

 

- Quando cheguei aqui a minha filha tinha nove meses, agora ela tá com três anos de idade.

 

E o que mudou nesse período, desde que você chegou até agora?

 

- Mudou muita coisa… Quando cheguei aqui não tinha muita gente morando, hoje tem muita gente. Mais do que tinha antes.

 

Como você conheceu Esperança?

 

- O primo do meu marido que trouxe ele para cá e através dele eu vim. Quando cheguei só tinha a roupa do corpo. Aqui fui ganhando fogão, cama armário...

 

E como é viver com todas essas pessoas?

 

- Aqui a convivência é boa. Cada um ajuda o outro.

Me conta um pouco da tua rotina

- Eu acordo, levo minha filha para a escola, lavo roupa e faço o almoço

Onde você espera estar daqui há seis meses?

- Eu espero que cada um ganhe sua casa

 

 

Setembro de 2016

 

Lavínia, da última vez que viemos aqui você ainda estava na ocupação. Agora você se mudou. Me conta como foi isso?

 

- Eu creio que foi permissão de Deus, né? Eu estava passando por algumas coisas e Deus, graças a Deus, concedeu um trabalho para que eu pudesse pagar o aluguel. Porque ainda não saiu o auxílio, mas Deus abriu uma porta de emprego, eu saí daqui e aluguei uma casa. Eu sinto saudades dos moradores, sim, mas prefiro estar na casa onde estou agora.

Entendi. É onde tua casa, Lavínia, é aqui perto?

 

- Minha casa é lá no Arruda (zona Norte do Recife), perto de Água Fria.

Lá mora você, Lauri e quem mais?

 

- Meu marido

 

Você quer deixar mais alguma mensagem para a gente?

 

  • Não! (risos)

Lavínia ganhou emprego de Deus

A primeira lembrança que tenho de Lavínia é da minha segunda visita com o Najup à Esperança. Era um fim de tarde nublado e ela trazia Lauriane, a única filha, nos braços. Lauri já tinha intimidade com outros membros do grupo e logo passava de pessoa em pessoa, sorrindo, abraçando… Com desconhecidos, porém, sempre teve a dose necessária de desconfiança. Nada que não passasse rapidamente. Das duas vezes em que fomos à ocupação acompanhados de uma câmera, a criança era a primeira a se voluntariar para falar de temas diversos, do que fazia na escola, dos desenhos aos quais assistia, com quem mais brincava ali dentro. A mãe era mais tímida, mas nunca deixava de atender às nossas perguntas, geralmente de forma concisa. Sempre sorrindo.

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