top of page

Dois anos se passaram desde que comecei a idealizar um TCC com a temática de moradia e problemas habitacionais no Recife. Desde então, incêndios, desapropriações violentas, deslizamentos de barreiras e diversas mazelas sociais continuaram a tirar a dignidade, as casas e até mesmo a vida de quem já tem tão pouco. Nada mudou. As moradoras de Esperança aguardam a liberação dos primeiros auxílios moradia da PCR (no valor de R$ 200). O casarão deve ser esvaziado em julho. Nenhuma delas tem certeza de para onde irá depois que sair dali. Adiam soluções para o problema, já que por mais de quatro anos foram enroladas pelo poder público. 
 
Em Carolina de Jesus, o número de moradores continua crescendo. A articulação do MTST, porém, garante que o espaço seja realocado em prol de cada um que esteja disposto a seguir as regras do movimento. A favela do Canindé, onde Carolina escreveu os relatos responsáveis por escancarar a realidade das periferias do Brasil ainda na década de 1950, foi engolida pela várzea do Rio Tietê em fevereiro de 1961, quando a mulher já tinha saído dali e se mudado para o interior de São Paulo. Carolina conheceu a fartura, mas precisou voltar a catar lixo quando caiu no esquecimento. Nunca deixou de escrever até o dia da sua morte, em 1977. 

 

Para onde vão?

bottom of page